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Caballito - Argentina, Campeão mundial de 1978, Club Atlético San Lorenzo de Almagro, Oscar Alberto Ortiz
Velocidade e dribles ousados não foram suficientes para convencer o exigente Telê Santana. E foi assim que Ortiz passou rapidamente pelo futebol brasileiro quando defendeu o Grêmio em 1976.
O argentino Oscar Alberto Ortiz nasceu no dia 8 de abril de 1953 em Chacabuco, província de Buenos Aires. Infância pobre, o menino cresceu jogando peladas em Chacabuco e Junim.
Habilidoso e veloz, Ortiz foi surpreendido ao receber um convite de um representante do Club Atlético San Lorenzo de Almagro.
O pai, um comerciante que sempre apoiou os passos do filho, se revelou temeroso com os encantos obscuros de Buenos Aires.
Morando em uma pensão em Caballito, a vida do jovem Ortiz se resumia aos estudos e aos treinamentos. Aos 17 anos foi promovido ao time principal e aos 19 integrou o selecionado nacional no Torneio de Cannes.
Campeão metropolitano de 1972 e campeão nacional nas temporadas de 1972 e 1974, seus dribles, que de tão desconcertantes pareciam carregar um certo deboche, valeram críticas da imprensa e também uma boa dose de sarrafadas nas canelas.
Quanto aos comentários da imprensa, Ortiz não fazia conta.
Ortiz sempre afirmou que não se considerava um profissional do futebol e jogava por se sentir muito feliz ganhando dinheiro com o que mais gostava de fazer na vida.
No início do mês de abril de 1976, o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense desembolsou 2 milhões de cruzeiros junto aos representantes do San Lorenzo de Almagro.
E Ortiz não foi o único que desembarcou em Porto Alegre para vestir a camisa do Grêmio. Era preciso investir para acabar com o domínio regional do Inter!
Ao lado da esposa Sílvia e da filha Gisela, de seis meses, Ortiz desembarcou em Porto Alegre. Simpático aos repórteres, o argentino dizia ter conhecimento da grande rivalidade local com o Internacional.
Em entrevista concedida ao repórter Divino Fonseca da revista Placar, Ortiz lembrava com carinho os elogios dos torcedores argentinos com seu estilo ousado de buscar a linha de fundo.
Ao lado do empresário Samuel Rattinoff, Ortiz acendeu um dos vinte cigarros Parliament que fumava diariamente. Visivelmente cansado, o jogador sorria ao falar da noitada de churrasco ao lado do goleiro Cejas e do zagueiro Ancheta.
Ortiz se sentia bem no Grêmio, melhor do que se sentiria no El Alabés da segunda divisão espanhola, para quem o San Lorenzo negou vender seus direitos federativos em 1974.
Prudente, Ortiz aplicava o dinheiro que ganhava na compra de imóveis no tranqüilo bairro de Caballito, para onde pretendia se retirar quando o futebol chegasse ao fim.
Mas os dias felizes no Grêmio não duraram muito. O título estadual de 1976 ficou com o Internacional e Fábio Koff foi buscar o perfeccionista Telê Santana, que assinou com o clube no mês de setembro.
Telê nunca foi um admirador declarado daqueles que jogavam só para ouvir os aplausos da torcida. No planejamento apresentado aos diretores, Telê foi claro ao dizer que se fosse preciso contaria com os valores das categorias de base.
E nos primeiros dias de janeiro de 1977 já era notório que muita coisa mudaria dentro do Olímpico. E Telê deixou isso transparente em uma das reuniões com os jogadores:
– Olha Ortiz eu não sou contra quem joga bonito. Mas tem que correr, armar, desarmar e suar bastante para valorizar o que custa ao clube… Ser mais objetivo!
E Ortiz realmente não ficou. O atacante disputou ainda algumas partidas pelo campeonato brasileiro de 1976 antes de limpar seu armário no departamento de futebol.
Então, por 140.000 dólares (o Grêmio anunciou 250.000 na revista Placar), Ortiz voltou aos gramados argentinos para defender o Club Atlético River Plate.
Aproveitado pelo técnico César Luis Menotti, Ortiz participou do grupo campeão mundial pela Argentina em 1978.
Jogando pelo River Plate, Ortiz faturou o campeonato metropolitano e o nacional de 1979, além do campeonato metropolitano de 1980, mesmo ano em que realizou sua última participação no seleccionado argentino.
Depois de uma rápida passagem pelo Huracán, Ortiz deixou o futebol quando defendia o Independiente em 1983.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Divino Fonseca), revista El Gráfico, revista World Soccer, revista do Grêmio, Álbum de figurinhas Panini, albumefigurinhas.no.comunidades.net, campeoesdofutebol.com.br, jajogueinogremio.blogspot.com.br, somoscuervos.com.ar, elgrafico.com.ar.