Sempre lembrado por sua alegria contagiante, o lateral e zagueiro Ari Ercílio só fez amigos no mundo da bola; inclusive na breve passagem pelo Fluminense, quando chegou em grande estilo ao lado do argentino Artime e de Gerson de Oliveira Nunes.
Ari Ercílio Barbosa nasceu na cidade de Porto Alegre (RS), em 18 de agosto de 1941. Dedicado, o primeiro compromisso profissional foi assinado com o Sport Club Internacional (RS).
Considerado um atleta disciplinado, Ari Ercílio confiava em sua vida regrada para viver do futebol por um bom tempo: “Quero jogar até os 40 anos”.
Lateral-direito de origem, o jovem Ari Ercílio foi aos poucos aprimorando suas participações como zagueiro.
Em 1961 o primeiro título gaúcho teve um sabor todo especial, ano em que o Internacional impediu o hexacampeonato do Grêmio. Nos anos seguintes, o domínio gremista foi recuperado e perdurou até 1969.
Talvez esse, um dos motivos determinantes para sua transferência para o Sport Club Corinthians Paulista, em outubro de 1963.
Conforme publicado pela revista do Esporte número 297, Ari Ercílio custou um pouco para acostumar com o futebol praticado no cenário paulista. Criticado por chegar duro em suas divididas, o zagueiro gaúcho justificou seu estilo de jogo:
– “Não sou um sujeito violento e nunca machuquei nenhum companheiro de profissão. Apenas entro firme na jogada”.
Pelo time do Parque São Jorge foram 27 partidas disputadas com 15 vitórias, 4 empates, 8 derrotas e nenhum gol marcado. Os números foram publicados pelo Almanaque do Corinthians, do autor Celso Dario Unzelte.
Sem conseguir o tão esperado sucesso no Corinthians, Ari Ercílio decidiu voltar ao Sul na temporada de 1965.
Depois de passar rapidamente pelas fileiras do Esporte Clube Floriano (atual Novo Hamburgo), Ari Ercílio foi negociado em definitivo com o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense em 1966.
No tricolor gaúcho, o jogador viveu seu período mais produtivo e conquistou os títulos estaduais de 1967 e 1968, coincidentemente o último título do Grêmio antes da supremacia gaúcha mudar de lado!
Abaixo, uma das participações de Ari Ercílio na campanha do Grêmio no Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1969:
2 de novembro de 1969 – Torneio Roberto Gomes Pedrosa – São Paulo 2×2 Grêmio – Estádio do Morumbi – Árbitro: Arnaldo Cézar Coelho – Gols: Zé Roberto (2) para o São Paulo e Alcindo (2) para o Grêmio.
São Paulo: Picasso, Cláudio, Vilela, Nenê e Tenente; Carlos Alberto e Édson; Nicanor (Toninho II), Zé Roberto, Babá e Paraná. Técnico: Diede Lameiro. Grêmio: Arlindo, Espinosa (Renato), Ari Ercílio, Áureo e Everaldo; Paíca e Júlio Amaral; Flecha, Adilson (João Severiano), Alcindo e Volmir. Técnico: Sérgio Moacir Torres.
Com a camisa da Seleção Brasileira foram apenas duas participações. Ambas aconteceram diante do selecionado chileno no mês de abril de 1966, em compromissos válidos pela Taça Bernardo O’Higgins.
No primeiro confronto, um apertado triunfo canarinho pelo placar mínimo. Três dias depois, uma vitória dos chilenos por 2×1 no Estádio Sausalito, em Viña del Mar. Com esses resultados o título da competição foi dividido.
Em 1972, uma boa oferta do badalado futebol carioca o pegou totalmente de surpresa. A proposta do Fluminense foi um reconhecimento merecido pela regularidade e seriedade de seu futebol.
Confiante, Ari Ercílio foi apresentado ao lado de outras grandes estrelas que também chegavam: Gerson de Oliveira Nunes e o artilheiro argentino Luís Artime.
No entanto, o zagueiro gaúcho sofreu com os efeitos de uma preparação física inadequada e custou para entrar em forma!
Adaptado ao clima e aos novos companheiros de clube, Ari Ercílio estava feliz na “Cidade Maravilhosa”. Tudo corria bem até aquela fatídica segunda feira de 20 de novembro de 1972.
Dia bonito, o elenco tricolor estava de folga depois da sofrida derrota para o Botafogo por 2×1, compromisso válido pelo campeonato brasileiro.
Então, Ari Ercílio e sua esposa Helena foram pescar na Gruta da Imprensa, ao longo da Avenida Niemeyer. No final da tarde, quando já se preparava para voltar para casa, Ari Ercílio escorregou nos rochedos e caiu no mar.
Lutou desesperadamente para subir de novo nas pedras, mas desapareceu nas fortes correntes do lugar. O corpo só foi encontrado cinco dias depois, na praia do Pepino.
Conforme publicado pela revista Placar em sua edição de 1 de dezembro de 1972, o Fluminense ofereceu total assistência aos familiares, inclusive com o pagamento integral dos salários, um montante de 160.000 cruzeiros até o final do contrato, em maio de 1974.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Lemyr Martins e Teixeira Heizer) revista A Gazeta Esportiva Ilustrada, revista do Esporte, revista do Fluminense, revista Grandes Clubes Brasileiros, revista Manchete, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal do Brasil, Jornal dos Sports, acervo.oglobo.globo.com, campeoesdofutebol.com.br, corinthians.com.br, fluminense.com.br, gazetaesportiva.net, site do Milton Neves, Almanaque do Corinthians – Celso Dario Unzelte, albumefigurinhas.no.comunidades.net.
Mauro Marcello Filho disse:
Revelles, seu primeiro parágrafo já “matou” meu comentário. As três contratações foram apresentadas juntas na sede das Laranjeiras. O Ari Ercílio pouco jogou com a camisa tricolor, Gerson, o Canhotinha de Ouro, realizava o sionho de atuar no seu time de coração, sendo campeão carioca de 1973 e o Artime fracassou em sua passagem pelas Laranjeiras, como já vimos neste site na página dedicada ao atacante argentino. Abraços!
francisco michielin disse:
Fui testemunha ocular da estreia de Ary Hercílio como titular do Internacional. Portanto, assisti ao seu primeiro jogo no time principal, uma vez que era oriundo das categorias de base, num time que, entre outros, possuía o clássico centromédio e também quarto-zagueiro, Cláudio Dani e com o qual, mais tarde, jogaria junto no Corinthians. Os dois pontas de lança desse timaço do então “juvenil” do Inter, eram, nada menos, que o “Bugre” Alcindo Martha de Freitas (Grêmio, Santos, Seleção Brasileira -Copa do Mundo 1966) e Flávio “Bicudo” (Corinthians, Fluminense, Porto, Pelotas) – dois notáveis e profícuos artilheiros.
Pois, Ary Hercílio estreou, justamente contra o meu Juventude, no Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul, num domingo de setembro.
No início, um zagueiro muito esforçado, mas tosco, com alto espírito guerreiro. Ele e outro promissor júnior foram lançados na mesma partida – Sergio Poletto e que, depois, se tornou um treinador vencedor no interior gaúcho, tendo falecido de câncer há uns cinco anos atrás, mais ou menos.
Ambos foram lançados numa operação emergencial, pois a dupla titular, composta por Osmar e Barradas, não estava dando conta do recado e acabara de tomar uma goleada do Grêmio por 5×1 em pleno estádio colorado – na época, o “Eucaliptos” da Rua Silvério.
Com o passar do tempo, o afoito Ary Hercílio, que jogava com o peito aberto, alto e para frente, foi depurando o seu futebol e tornou-se um zagueiro seguro, quase sem falhas e que acabou por desalojar o famoso Airton Ferreira da Silva, o maior zagueiro central “fabricado” no Rio Grande do Sul em todos os tempos. Foi durante o “Robertão” de 1967, primeiro ano da dupla Grenal nesta competição, quando a CBD ampliou sua abrangência, dando passagem para gaúchos, paranaenses, mineiros e pernambucanos. Verdade é que Airton já estava em seu canto de cisne e ele se rebelou contra uma nova estratégica tática do seu treinador, o discutido e polêmico, mas eficiente Carlos Froner que montou um centro de zaga com um zagueiro de espera e esse foi o Ary Hercílio. O grande Airton sentiu-se injustiçado e melindrado, pois ele garantia que um zagueiro para jogar atrás dele era uma afronta a sua categoria, como se fosse uma estepe para cobrir seus furos. Aí, Froner optou por três zagueiros, numa inovação tática para a época: Ary Hercílio, Paulo Souza e Áureo.
A seguir, Ary Hercílio seguiu sua carreira e seu infeliz destino
Jose Carlos Passos disse:
No meu primeiro e único jogo dos profissionais do Corinthians foi a estreia do Ari Hercílio em LOndrina,o Solange Bibas disse pra mim que deu na foto do jogo para mim,gostaria de encontra a família pra ver se me dão uma cópia me ajudem por favor.
zaki ivan taam disse:
Esse paredão matou muita gente. Ele é traiçoeiro e escorregadio. As pessoas gostam de usá-lo para fotos e visualizar as paisagens que são muito bonitas. O Ari Ercilio, era gaúcho e não conhecia bem o Rio de Janeiro.
maria cristina disse:
Nunca esqueci este fato, e ontem lembrei do Ari Ercílio quando um acidente igual foi noticiado na TV ontem dia 04/02/19, mais uma vítima do traiçoeiro paredão.