Tags

, , ,

Colaborou José Leôncio Carvalho.

Era um dia comum de treino quando o técnico do Palmeiras Rubens Minelli foi direto e objetivo com Jaime. Daquele momento em diante, o novo esquema não permitia mais que Jaime fosse além da linha divisória da meia-cancha.

Praticamente condenado ao calabouço tático, seu futebol ficou limitado e caiu de produção, até perder a posição de forma definitiva!

Em entrevista ao repórter Michel Laurence da revista Placar em 22 de outubro de 1971, Jaime foi categórico ao afirmar que Rubens Minelli nunca gostou de seu estilo de jogo!

Filho de Jaime de Araújo Freitas e dona Dulcinêa Correia Freitas, Jaime Corrêa de Freitas nasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 7 de abril de 1943. Começou sua trajetória jogando como médio-volante e também zagueiro nas equipes amadoras do Bonsucesso Futebol Clube.

Partindo da esquerda; o dirigente Castor de Andrade, Zizinho e Jaime. Crédito: acervo.oglobo.globo.com.

O Bangu no gramado do Maracanã. Em pé: Mário Tito, Ubirajara, Luís Alberto, Ari Clemente, Fidélis e Jaime. Agachados: Membro da Comissão Técnica, Paulo Borges, Araras, Parada, Roberto Pinto e Rezende. Colaborou José Leôncio Carvalho. Crédito: revista Futebol e Outros Esportes número 10.

Aproveitado no elenco de profissionais no findar da temporada de 1962, o meio-campista assinou seu primeiro contrato para receber 4.800 Cruzeiros Mensais. Apoiador refinado, seu futebol ganhou destaque entre 1963 e 1964, até ser emprestado por um curto período ao Botafogo de Futebol e Regatas por apenas 2.000 cruzeiros.

Sem conseguir se firmar em General Severiano, Jaime retornou ao Bonsucesso até aparecer o interesse do Bangu Atlético Clube em 1965.

Bastante valorizado pelo futebol apresentado, seu passe custou aos cofres do time de “Moça Bonita” o montante de 25.000 cruzeiros.

Com grande habilidade e facilidade para organizar jogadas de ataque, Jaime foi peça importante na histórica conquista do campeonato carioca de 1966, além da participação no vice-campeonato nas edições de 1965 e 1967.

Depois de se consagrar como um grande articulador de meia-cancha no Bangu, Jaime foi afastado pelo treinador Antoninho por indisciplina técnica em 1968.

Jaime em dividida com o atacante Almir Albuquerque do Flamengo. Crédito: bangu.net.

O Palmeiras no gramado do Maracanã. Em pé: Eurico, Leão, Baldocchi, Nélson, Dé e Dudu. Agachados: Edu, Jaime, César, Ademir da Guia e Pio. Crédito: revista Manchete.

Mas o técnico Antoninho decidiu reaproveitar Jaime em uma partida amistosa contra o Democrata de Governador Valadares, com uma vitória do Bangu por 3×0.

E justamente naquele dia, Jaime “acabou” com o jogo, o que despertou ainda mais o sentimento de inconformismo de Antoninho:

– “Esse tal de Jaime é maquiavélico. Para humilhar o treinador ele é capaz de deslumbrar uma cidade inteira com seu futebol”.

Jaime deixou o Bangu no início de 1969 para jogar pela Sociedade Esportiva Palmeiras. Seus direitos federativos custaram ao alviverde 250 mil cruzeiros (100 mil cruzeiros no ato e mais 3 parcelas de 50 mil cruzeiros).

Campeão Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1969, Jaime não suportou o banco de reservas e o esquema adotado por Rubens Minelli no Palmeiras.

Fluminense e Palmeiras no Maracanã pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa. Partindo da esquerda; César Lemos, Galhardo, Jaime e Denílson. Crédito: site do Milton Neves.

Foto de Manoel Motta. Crédito: revista Placar – 22 de outubro de 1971.

Jaime permaneceu no Parque Antártica até 1971. Foram 105 partidas com 57 vitórias, 24 empates, 24 derrotas e 14 gols marcados. Os números foram publicados pelo Almanaque do Palmeiras, dos autores Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti.

Emprestado ao Olaria Atlético Clube em 1971, Jaime voltou ao futebol paulista para jogar pela Associação Atlética Portuguesa Santista, quando novamente apresentou um futebol de alto nível.

Também defendeu o Sport Club do Recife por um curto período. Jaime ainda regressou ao mesmo Bangu em 1974. Na ocasião, contando com 31 anos de idade, o jogador afirmou confiante: “Vou provar que ainda sei jogar esse negócio”.

Contudo, o Bangu daqueles tempos era uma equipe apenas modesta e muito longe de reeditar o mesmo brilho de 1966. Ao todo, foram 146 partidas com a camisa do Bangu.

Jaime encerrou a carreira em 1974. Longe dos gramados trabalhou até se aposentar como funcionário da Viação Aérea Rio-Grandense (Varig), no Aeroporto do Galeão (RJ).

Jaime na Portuguesa Santista. Foto de Manoel Motta. Crédito: revista Placar – 22 de outubro de 1971.

Foto de Ignácio Ferreira. Crédito: revista Placar – 2 de dezembro de 1983.

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Albino Castro Filho, Carlos Felipe, Ignácio Ferreira, Manoel Motta, Michel Laurence e Teixeira Heizer), revista do Esporte, revista Futebol e Outros Esportes, revista Grandes Clubes Brasileiros, revista Manchete, revista Manchete Esportiva, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal do Brasil, Jornal dos Sports, acervo.oglobo.globo.com, bangu.net, campeoesdofutebol.com.br, gazetaesportiva.net, globoesporte.globo.com, José Leôncio Carvalho, museudosesportes.blogspot.com.br, palmeiras.com.br, placar.abril.com.br, portuguesasantista.com.br, site do Milton Neves, Almanaque do Palmeiras – Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti, albumefigurinhas.no.comunidades.net.