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Ao longo da carreira, Orlando Fantoni viu de perto muitos jogadores caírem em desgraça por falta de orientação e de um bom conselho amigo.

Homem vivido, Fantoni sabia que nos clubes os jovens talentos não recebiam nenhum preparo para investir o dinheiro. Em uma de suas últimas entrevistas na Bahia, o experiente treinador disparou:

– “Sem cultura não existe prosperidade… Juventude e fama repentina são os ingredientes perfeitos para se jogar dinheiro fora”.

Conhecido pelos boleiros como “Titio”, Fantoni era respeitado pelo discurso bondoso e pausado, sempre carregado de sinceridade e preocupação com o futuro de seus comandados.

Foto do Ignácio Ferreira. Crédito: revista Placar – 30 de abril de 1976.

Foto de Luís Paulo Machado. Crédito: revista Placar – 21 de janeiro de 1977.

Filho de imigrantes italianos, Orlando Fantoni nasceu em 13 de maio de 1917, no bairro da Floresta, em Belo Horizonte.

Fantoni era o caçula da família Fantoni; irmão de Niginho, Ninão e Nininho, que também trilharam com sucesso pelo mundo da bola.

Além dos irmãos, os sobrinhos de Fantoni também jogaram futebol: Benito (ex-Atlético Mineiro e Cruzeiro) e Fernando (ex-América mineiro), ambos zagueiros.

Com uma trajetória iniciada nas peladas do Sete de Setembro, no mesmo bairro da Floresta, Fantoni chegou em 1935 ao juvenil do Palestra Itália, atual Cruzeiro Esporte Clube.

Além do Cruzeiro, Fantoni também passou rapidamente pelo Siderúrgica (MG) e pela Sociedade Esportiva Palmeiras. Em seguida embarcou para os gramados da Itália e foi defender a Società Sportiva Lazio, onde ficou conhecido como “Fantoni IV”.

“Vamos jogar de meias zebradas”. Foto de Luís Paulo Machado. Crédito: revista Placar – 18 de fevereiro de 1977.

Foto do Ignácio Ferreira. Crédito: revista Placar – 1 de abril de 1977.

Conforme matéria publicada pela revista Placar em 30 de abril de 1976, em sua volta ao Brasil, Fantoni passou pelo Vasco da Gama e pelo Canto do Rio, antes de encerrar a carreira como jogador no futebol mineiro.

Com um diploma de treinador obtido na Itália, suas primeiras experiências aconteceram no futebol venezuelano, onde permaneceu com sucesso por quase quatorze temporadas.

Em 1967 o Cruzeiro enviou Carmine Furletti para buscar Fantoni no Valência da Venezuela. Naquela temporada, o quadro Celeste apresentava muita instabilidade e provavelmente perderia o campeonato.

Com o comando de Fantoni, o Cruzeiro reagiu bem na competição e chegou ao tricampeonato mineiro. Depois, Fantoni ficou pulando entre o América (MG) e o Cruzeiro, até acertar compromisso com a Associação Atlética Caldense.

Crédito: revista Placar – 1 de abril de 1977.

Foto de Rodolpho Machado. Crédito: revista Placar – 6 de maio de 1977.

Considerado até então como um treinador tipicamente mineiro, Fantoni só ganhou outros ares quando passou rapidamente pelo Londrina Esporte Clube (PR).

Campeão pernambucano com o Clube Náutico Capibaribe em 1974, seu primeiro trabalho no Esporte Clube Bahia foi em 1976. Contratado pelo Diretor de Futebol Paulo Maracajá, o carismático Fantoni levou o time ao título estadual.

Em seguida, seu nome foi anunciado no Club de Regatas Vasco da Gama, onde foi o estopim de uma séria crise política na diretoria do clube.

Os três homens fortes que sustentaram e financiaram a reeleição de Agathyrno Silva Gomes – Antônio Figueiredo, Artur Pires Ribeiro e Arthur Sendas – já tinham acertado a permanência do treinador Paulo Emílio no comando do Vasco.

Fantoni nos braços de Abel. Campeão carioca de 1977. Crédito: wanderleynogueira.com.br.

Fantoni e o goleiro Manga nos tempos de Grêmio. Foto de Maurecy Santos. Crédito: revista Placar – 26 de janeiro de 1979.

No entanto, para o espanto de todos, o presidente Agathyrno Silva Gomes decidiu bancar sozinho a contratação de Orlando Fantoni.

Dessa forma, Sendas e Pires Ribeiro deixaram o clube; enquanto Figueiredo decidiu permanecer em razão do capital pessoal investido na contratação dos jogadores Orlando, Geraldo e Ramón.

Além disso, em seus primeiros dias em São Januário, Fantoni deixou claro que gostaria de contar com o futebol de Baiaco, do Bahia. Furioso, ó recém empossado Agathyrno não quis nem saber da conversa sobre Baiaco.

Então, Fantoni percebeu que sua chegada ao clube estava dividindo opiniões. Descontente, pensou em pegar o primeiro avião e voltar para o aconchego de Belo Horizonte.

Foi então que o dirigente Antônio Soares Calçada colocou “panos quentes” e conseguiu segurar Fantoni no Vasco.

Foto de Nelson Coelho. Crédito: revista Placar – 6 de outubro de 1986.

Fotos de Nelson Coelho. Crédito: revista Placar – 6 de outubro de 1986.

Campeão carioca de 1977, o bom “Titio” deixou o Rio de Janeiro para faturar o título gaúcho de 1979 pelo Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense.

Orlando Fantoni trabalhou ainda no Corinthians (SP), Palmeiras (SP), Botafogo (RJ) e finalmente no Vitória (BA), clube onde se aposentou em 1989.

Durante sua carreira, Fantoni retornou ao Cruzeiro por mais duas vezes, ao Vasco da Gama e ao Bahia nos anos 1980, onde se sentia completamente em casa.

Especialmente no Bahia, Fantoni realizou um excelente trabalho na conquista do bicampeonato estadual de 1986 e 1987, além do importante preparo da base que chegou brilhantemente ao título brasileiro de 1988.

Orlando Fantoni faleceu na cidade de Salvador (BA), no dia 5 de junho de 2002.

Foto de Rodolpho Machado. Crédito: revista Placar – 19 de janeiro de 1987.

Foto de Carlos Catela. Crédito: revista Placar – 29 de julho de 1988.

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Arthur Ferreira, Carlos Catela, Dagomir Marquezi, Fernando Escariz, Ignácio Ferreira, Luís Augusto Chabassus, Luís Paulo Machado, Maurício Azêdo, Maurecy Santos, Nélson Coelho, Raul Quadros, Rodolpho Machado e Washington de Souza Filho), revista Grandes Clubes Brasileiros, revista Manchete Esportiva, revista Mineirão – Enciclopédia do Futebol Mineiro, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal do Brasil, Jornal dos Sports, campeoesdofutebol.com.br, esporteclubebahia.com.br, kikedabola.blogspot.com.br, vasco.com.br, wanderleynogueira.com.br, site do Milton Neves (por Rogério Micheletti).