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campeão pernambucano de 1980, campeonato paulista de 1978, Martín Artigas Taborda de Oliveira, San José de Mayo - Uruguai
Na década de 1970, o nosso futebol foi invadido por uma geração de grandes valores do futebol uruguaio. Nomes que marcaram época; como Atílio Ancheta, Daniel González, Dario Pereyra, Pablo Forlan e o incomparável Pedro Rocha.
Todavia, nem todos os representantes da “Republica Oriental Celeste” foram bem-sucedidos no Brasil. O zagueiro e volante Taborda é um bom exemplo de que não basta ser uruguaio para “pelear” bem em qualquer torrão!
Conhecido apenas por “Taborda”, o uruguaio Martín Artigas Taborda de Oliveira nasceu no dia 14 de abril de 1956, na bonita e aconchegante cidade de San José de Mayo.
Taborda começou sua caminhada nas fileiras do Club Nacional de Football. Com uma ascensão considerada exemplar, o promissor zagueiro conquistou títulos e principalmente o respeito dos torcedores.
A contratação de Taborda pelo Corinthians foi uma recomendação do treinador Oswaldo Brandão em 1977. Contudo, sua apresentação no Parque São Jorge só aconteceu em outubro de 1978.

Taborda e Cláudio Mineiro. Clima de muita esperança no Parque São Jorge! Foto de José Pinto. Crédito: revista Placar número 441 – 6 de outubro de 1978.

Pronto para justificar a fama de “Xerife”, Taborda chegou ao Corinthians no mês de outubro de 1978. Coleção “Ping-Pong Futebol Cards”. Crédito: albumefigurinhas.no.comunidades.net.
Foi uma cansativa negociação conduzida com esmero pelo empresário Ernesto Ledesma, o mesmo agente que trabalhou na transferência de Dario Pereyra para o São Paulo.
Conforme publicado pela revista Placar número 451, edição de 15 de dezembro de 1978, o alvinegro paulista desembolsou o montante de 190 mil dólares para contar com o jogador, seguramente uma boa opção para encorpar o meio de campo do Corinthians.
Quarto-zagueiro de origem, Taborda também era utilizado em algumas partidas como médio-volante no Nacional do Uruguai, embora nunca escondesse de ninguém a sua incondicional preferência de continuar na linha de zagueiros.
Rapidamente disponibilizado para ser escalado entre os titulares, Taborda logo sentiu o peso das cobranças e tentou corresponder, ainda que bem longe do seu condicionamento físico ideal.
Pressionado pelos críticos e pelos torcedores, o aturdido Taborda entrou em um completo parafuso emocional. As pernas fragilizadas causavam lances e tombos pitorescos, com estranhas pisadas na bola!

Na apresentação de Taborda no Parque São Jorge, o então diretor de futebol Orlando Monteiro Alves profetizou: “Taborda será um ídolo. É um jogador com a cara do Corinthians”. Crédito: revista Placar número 439 – 22 de setembro de 1978.

Nas páginas da revista Placar, o jornalista José Maria de Aquino apresentou a continuidade do respeitado padrão uruguaio nos gramados do Brasil. Foto de Manoel Motta. Crédito: revista Placar número 446 – 10 de novembro de 1978.
Apoiado pelos companheiros do elenco, uma fatia de esperança acenou com o título do primeiro turno do campeonato paulista (Taça Cidade de São Paulo) em novembro de 1978.
Abaixo, a participação de Taborda no clássico que valeu a conquista do primeiro turno do campeonato paulista de 1978 (Taça Cidade de São Paulo):
26 de novembro de 1978 – Campeonato paulista – Primeiro turno – Corinthians 1×0 Santos – Estádio do Morumbi (SP) – Árbitro: Dulcídio Wanderley Boschilia – Gols: Palhinha aos 35’ do segundo tempo – Expulsão: Clodoaldo (Santos).
Corinthians: Jairo; Zé Maria, Amaral, Zé Eduardo (Cláudio Mineiro) e Wladimir; Taborda (Píter), Biro-Biro e Sócrates; Vaguinho, Palhinha e Basílio. Técnico: José Teixeira. Santos: Vítor; Nelsinho Baptista, Joãozinho, Neto e Gilberto Sorriso; Clodoaldo, Aílton Lira e Pita; Nilton Batata, Célio (Toninho Vieira) e João Paulo. Técnico: Chico Formiga.
Recém-casado, Taborda temia o futuro e sofria em silêncio! Encostado no Parque São Jorge, a fama de “Xerifão” virou pó no conceito quase sempre inflexível do presidente Vicente Matheus.

Com Clodoaldo expulso, o Santos de Aílton Lira parou na determinação de Taborda. O Corinthians venceu por 1×0 e ficou com o título do primeiro turno do campeonato paulista! Foto de Ronaldo Kotscho. Crédito: revista Placar número 449 – 1 de dezembro de 1978.

Pelo campeonato paulista, Corinthians e Botafogo ficaram no 0x0. No lance, o volante Taborda tenta romper o forte bloqueio do time de Ribeirão Preto! Foto de Ronaldo Kotscho. Crédito: revista Placar número 450 – 8 de dezembro de 1978.
Pelo Corinthians, Martín Taborda disputou um total de 44 compromissos; com 17 vitórias, 14 empates, 13 derrotas e somente 2 gols marcados. Os registros foram publicados pelo Almanaque do Corinthians, do autor Celso Dario Unzelte.
Com o futuro indefinido, a esposa de Taborda voltou cabisbaixa para o Uruguai. Em reportagem ao Jornal A Gazeta Esportiva, matéria depois documentada pelo jornalista Wanderley Nogueira no “blog.jovempan.com.br”, o jogador revelou detalhes do que passou naquele período:
– “Minha mulher gostava muito do Brasil e não queria ir embora… Ela abatida e eu sem trabalhar e sem receber nada… Ficamos separados”.
Emprestado primeiramente ao Coritiba Foot Ball Club no segundo semestre de 1980, Taborda não permaneceu por muito tempo em ação no concorrido cenário paranaense.
Ainda por empréstimo, o uruguaio finalmente recuperou a autoestima no Sport Club do Recife, equipe onde conquistou o título pernambucano de 1980.

No banco dos réus! Os críticos não perdoaram a instabilidade de Taborda: “Passaram o conto do vigário no Timão”. Foto de José Pinto. Crédito: revista Placar número 451 – 15 de dezembro de 1978.

Estádio do Pacaembu lotado para receber o Corinthians. Em pé: Jairo, Zé Maria, Taborda, Amaral, Zé Eduardo e Romeu. Agachados: Píter, Palhinha, Sócrates, Biro-Biro e Wladimir. Foto de Manoel Motta. Crédito: revista Placar – 50 times do Corinthians.
Com a camisa do Sport Recife, Taborda jogou ao lado de jogadores marcantes; como Edu Bala (ex-Palmeiras e São Paulo), Givanildo (ex-Corinthians) e Jaime (ex-Flamengo e São Paulo).
Na temporada de 1981, Taborda retornou ao Corinthians pelas mãos do mesmo Oswaldo Brandão. A alegria de uma nova oportunidade parou nas preferências do exigente técnico Mário Travaglini.
Seu próximo destino foi a Associação Portuguesa de Desportos no ano de 1982, uma passagem igualmente discreta! Taborda também defendeu o Esporte Clube Juventude (RS) em 1983.
(*) Algumas fontes – não devidamente comprovadas – apontam também uma breve passagem pelo Club Atlético River Plate da Argentina.
De acordo com o site Terceiro Tempo (Seção Que Fim Levou) do jornalista Milton Neves, Taborda deixou completamente o futebol e atualmente reside em sua cidade natal.

Partindo da esquerda; Toninho, Amílton Rocha e Taborda. No Derby disputado no Morumbi, o Palmeiras foi melhor e venceu por 2×0. Foto de Manoel Motta Crédito: revista Placar número 474 – 25 de maio de 1979.

Formação do Sport Club do Recife, campeão pernambucano de 1980. Em pé: Membro da comissão técnica, Antenor, Jayme, Taborda, Romero e País. Agachados: Merica, Edu Bala, Jorge Campos, Édson, Afrânio e Givanildo. Foto de Flávio Canalonga. Crédito: revista Placar.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Flávio Canalonga, João Areosa, João Carlos Rodriguez, José Maria de Aquino, José Pinto, Lemyr Martins, Lenivaldo Aragão, Manoel Motta, Marcelo Rezende, Marco Aurélio Borba e Ronaldo Kotscho), revista Manchete Esportiva, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal Diário de Pernambuco, acervosantosfc.com (por Gabriel Santana), blog.jovempan.com.br (por Wanderley Nogueira), campeoesdofutebol.com.br, corinthians.com.br, coritiba.com.br, site do Milton Neves (por Marcelo Rozenberg e Tufano Silva), Almanaque do Corinthians – Celso Dario Unzelte, albumefigurinhas.no.comunidades.net.