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O famoso atacante Carlyle Guimarães Cardoso nasceu no município de Almenara (MG), em 15 de junho de 1926.

Sempre alinhado e elegante, de conversa fácil e fluente, Carlyle sempre guardou boas recordações de sua marcante passagem pelo Atlético Mineiro, clube que o projetou no mundo da bola.

Reconhecido como um sujeito “endinheirado”, Carlyle fazia questão de ostentar riqueza e ser o centro das atenções. Dizem até que foi o primeiro jogador mineiro com um automóvel na garagem; um belo Chevrolet, que causava suspiros nas mocinhas de Belo Horizonte!

Independente do rótulo de galã de cinema, seu comportamento oscilava entre bondade e rebeldia. Explosivo e irreverente nos gramados, o atacante nunca esqueceu de ajudar financeiramente os companheiros e funcionários menos favorecidos.

Provavelmente, essa ciranda de emoções parece diretamente ligada ao fato de que Carlyle nunca aceitou muito bem a atrofia em sua orelha esquerda, o que justifica a preferência em ser fotografado de perfil.

Carlyle sempre foi reconhecido como um homem “endinheirado”. Crédito: revista Placar – 29 de janeiro de 1971.

Com um lenço no pescoço e olhar distante, Carlyle irritava os cartolas e mantinha a elegância de sempre. Crédito: revista Placar – 7 de agosto de 1970.

O complexo pela atrofia na orelha não era algo declarado, mas um detalhe facilmente percebido por aqueles que conviviam de maneira mais próxima.

Antes de brilhar pelo Clube Atlético Mineiro, o rapazola da cidade de Almenara já fazia sucesso no futebol amador de Ouro Preto (MG).

Primeiramente, Carlyle jogou em um time de estudantes chamado de “Vinte Reunidos”, quando ainda era aluno do curso de Metalurgia. Jogou depois no Esporte Clube Tabajaras entre 1943 e 1945, período em que sua popularidade foi intensificada.

Físico avantajado e chute forte, Carlyle era o grande destaque do time. A fama de goleador correu rapidamente, até que em 1945 os “cartolas” do Atlético Mineiro foram em busca de seu futebol.

Sem grandes dificuldades para ganhar o esperado entrosamento, Carlyle foi logo conquistando espaço ao lado dos companheiros Lauro, Lucas e Nívio.

Ótimo domínio de bola, chutes certeiros, dribles desconcertantes e gols espetaculares. Carlyle foi um dos melhores jogadores de sua época. Crédito: revista Esporte Ilustrado.

Carlyle chegou com muito prestígio ao Fluminense. Crédito: revista Esporte Ilustrado número 614 – 12 de janeiro de 1950.

Elegância no domínio de bola, chutes certeiros, dribles desconcertantes e gols espetaculares, Carlyle era admirado por dirigentes e torcedores!

Contudo, sua costumeira instabilidade emocional era um prato cheio para os jornais. Após marcar o quarto gol do Atlético em uma goleada contra o América (MG), Carlyle ofereceu ao público um momento pouco exemplar.

Pegou a bola no fundo das redes e calmamente caminhou até o centro do campo. Então, decidiu sentar em cima da redonda para provocar os adversários. Acabou expulso do gramado depois de uma enorme confusão.

Em 1947 o Atlético Mineiro foi ao Rio de Janeiro para fazer um amistoso contra o América. Naquela jornada, Carlyle foi o grande destaque do jogo ao fazer todos os gols da vitória mineira por 3×1.

A destacada atuação diante do América no Rio de Janeiro foi o carimbo que faltava em seu passaporte para servir o escrete nacional.

Inauguração do Maracanã em 16 de junho de 1950. Carlyle autografa a bola do jogo, enquanto Didi (direita) apenas observa. Crédito: revista do Esporte.

Zizinho e Carlyle. Crédito: Anuário do Esporte Ilustrado 1952.

Primeiro jogador do Atlético Mineiro na Seleção Brasileira, a convocação foi anunciada pelo técnico Flávio Costa em março de 1948, durante preparação para os compromissos da Copa Rio Branco.

Na partida contra o Uruguai em Montevidéu, Carlyle entrou no lugar de Friaça e foi o autor do segundo gol na derrota pelo placar de 4×2.

Ainda em 1948, Carlyle voltou ao noticiário esportivo depois de marcar 3 gols no Vasco da Gama. O feito representou o fim da invencibilidade do goleiro Barbosa, que já durava 15 partidas.

Carlyle faturou o bicampeonato mineiro nas edições de 1946 e 1947. Entretanto, o questionado desempenho do time no certame de 1948 provocou inesperados dissabores.

Depois de recusar boas ofertas ao longo de muitos anos, finalmente em 1949 os dirigentes atleticanos decidiram que era o momento certo para negociar os direitos de Carlyle.

Carlyle foi o artilheiro do certame carioca de 1951, com 23 gols marcados. Crédito: revista O Globo Sportivo número 674 – 12 de janeiro de 1952.

Em uma sala reservada no Hotel Financial em Belo Horizonte, a badalada transferência foi confirmada com o Fluminense Football Club (RJ), que na oportunidade ofereceu uma proposta mais atrativa e compensadora para os envolvidos.

Bem adaptado ao Rio de Janeiro, Carlyle fez parte do selecionado carioca que inaugurou oficialmente o Maracanã em 16 de junho de 1950, com derrota do quadro carioca para os paulistas por 3×1.

A boa fase representou seu aproveitamento em outras convocações da Seleção Brasileira, que treinava com afinco para disputar o mundial de 1950. 

Porém, em um dos treinos realizados em Poços de Caldas, Carlyle foi substituído pelo ponteiro-esquerdo Chico. Começou assim a “queda de braço” com o técnico Flávio Costa, o que causou seu pronto desligamento do elenco.

Pelo Tricolor das Laranjeiras, Carlyle marcou época e fez grandes apresentações. Foi o artilheiro do campeonato carioca de 1951, com 23 gols marcados.

Carlyle voltou feliz ao Rio de Janeiro para defender o Botafogo. Crédito: revista O Cruzeiro – Encarte ídolos do futebol brasileiro.

Uma boa formação do Botafogo em 1955. Em pé: Gerson, Gilson, Nilton Santos, Danilo, Ruarinho e Orlando Maia. Agachados: Garrincha, Dino, Carlyle, Paulinho e Vinícius. Crédito: Anuário do Esporte Ilustrado 1955.

Insatisfeito no Fluminense, Carlyle foi negociado com o Santos Futebol Clube em 1953, uma passagem apenas modesta. Rápida também foi sua permanência na Sociedade Esportiva Palmeiras. Foram apenas 9 partidas; com 1 vitória, 3 empates, 5 derrotas e 4 gols marcados.

No findar de 1954, Carlyle voltou ao Rio de Janeiro para defender o Botafogo de Futebol e Regatas. No mesmo ano, os editores da revista Manchete o escolheram para ser o “garoto-propaganda” do novo uniforme da Seleção Brasileira.

Também no Botafogo, Carlyle entrou em rota de choque com o técnico Zezé Moreira, após desentendimentos em um restaurante de Aracaju (SE). Foi esse o principal motivo de seu desligamento no início de 1956.

Jogou ainda pela Portuguesa carioca e pouco depois encerrou a carreira. Longe dos gramados, Carlyle trabalhou como comentarista e jornalista em Belo Horizonte.

Carlyle Guimarães Cardoso faleceu tragicamente em 23 de novembro de 1982, ao ser atropelado em Belo Horizonte.

Carlyle também jogou pela Portuguesa Carioca. Crédito: revista Placar – 7 de agosto de 1970.

Nos tempos do Atlético Mineiro e depois, como comentarista da Rádio Inconfidência em 1971. Crédito: revista Placar – 29 de janeiro de 1971.

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Arthur Ferreira), revista A Gazeta Esportiva Ilustrada, revista do Esporte (por José Inácio e Wilson Ângelo), revista Esporte Ilustrado, revista Manchete Esportiva, revista O Cruzeiro, revista O Globo Sportivo, Jornal dos Sports, Jornal O Globo, botafogo.com.br, campeoesdofutebol.com.br, fluminense.com.br, gazetaesportiva.net, globoesporte.globo.com, site do Milton Neves, Almanaque do Palmeiras – Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti.