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Alfredo Ramos dos Santos, Campeão carioca de 1950, campeonato Sul- Americano de clubes em 1948, Torneio Octogonal Rivadávia Corrêa Meyer
Enquanto defendeu o Vasco da Gama, o dedicado e batalhador Alfredo jamais escolheu camisa ou criou problemas para colaborar em qualquer posição. O que importava mesmo era jogar pelo “cruzmaltino”, um motivo de grande orgulho!
Em uma época que substituições de jogadores no decorrer do jogo ainda não eram permitidas, Alfredo jogou até como goleiro em uma partida diante da Portuguesa (RJ).
Alfredo Ramos dos Santos, ou apenas Alfredo dos Santos – conforme encontrado em algumas publicações – nasceu na cidade do Rio de Janeiro (RJ), em 1 de janeiro de 1920.
*Algumas revistas e jornais da época creditam o Distrito Federal como o local de seu nascimento. Contudo é importante lembrar que o Rio de Janeiro manteve tal denominação até a inauguração de Brasília, em 21 de abril de 1960.
O início de sua emocionante trajetória esportiva aponta para os idos de 1936, quando o humilde rapazola que jogava por uma equipe chamada Costa Barros chegou em São Januário para tentar ser aprovado nos quadros amadores.
Ainda muito jovem, Alfredo já era considerado pelos críticos como um jogador versátil, um abnegado que colaborava no sistema defensivo, na meia-cancha ou ainda em qualquer posição da linha de ataque!
O primeiro contrato com o Vasco da Gama foi assinado na temporada de 1939. Na ocasião, os termos do referido compromisso ofereciam um bom valor em dinheiro e uma dentadura como “luvas”.
Sua primeira participação na equipe principal aconteceu no dia 19 de dezembro de 1939, em jogo válido pelo Torneio Luiz Aranha contra o Independiente da Argentina, com espetacular triunfo do “cruzmaltino” por 5×2.
Alfredo – que depois virou “Alfredo II’ em razão da chegada de um outro Alfredo no clube – era basicamente aproveitado pelo corredor direito do gramado, fosse como lateral, ponteiro ou também pela meia-direita.
No transcorrer daquele período, principalmente pelo lado direito, o Vasco contou com muitos jogadores: Santo Cristo, depois Djalma, Tesourinha, Friaça, Nestor, Lelé, Maneca…
Tamanha fartura de grandes valores obrigou a pronta utilização de Alfredo em outras posições. Tal situação foi verificada até em suas participações vestindo a camisa do selecionado carioca.
Em 1949, ainda que bem intencionados, os mandatários do Vasco apunhalaram o coração de Alfredo ao decidirem por sua transferência para o Clube de Regatas do Flamengo (RJ).
A negociação seria boa, tanto para o clube como também para o jogador. Afinal, depois de tantos e tantos anos de serviços prestados, uma liberação poderia perfeitamente premiar o jogador com o montante das “luvas”.
Todavia, para surpresa de muitos, Alfredo recebeu o comunicado como se fosse um direto no queixo. Não soltou uma única palavra e foi caminhar, não se sabe por onde!
Depois de apenas dois compromissos amistosos disputados com a camisa do Flamengo em gramados gaúchos, Alfredo, envolvido em prantos, não conseguiu dar o devido prosseguimento nas formalidades contratuais.
Foi o suficiente para que Alfredo deixasse o ambiente da Gávea. Abaixo, seu emocionante depoimento sobre o tão esperado retorno para São Januário. A reportagem foi publicada na revista Esporte Ilustrado número 963:
– “Fui bem tratado no Flamengo, mas vivia pensando no Vasco da Gama... Era lá onde pulsava meu coração! Coloquei isso para os dirigentes e limpei meu armário”.
– “Minha vida estava em São Januário. Ainda bem que fui bem recebido, do contrário eu teria abandonado definitivamente o futebol”.
Na temporada seguinte uma surpresa agradável. O técnico Flávio Costa não abriu mão da tradicional versatilidade de Alfredo e seu nome foi lembrado para substituir o contundido Tesourinha na Copa do Mundo de 1950.
Durante o mundial, Alfredo atuou como ponteiro-direito no indigesto empate contra o selecionado da Suíça por 2×2 no Pacaembu, quando inclusive foi o autor do primeiro gol logo no início do confronto.
O empate inesperado do escrete recebeu uma saraivada colérica da imprensa carioca, que acusou o treinador de fazer “média” com o público ao escalar jogadores do cenário paulista.
Alfredo pouco é mencionado em publicações que tratam da Copa do Mundo de 1950. Nas obras sobre o assunto, os jogadores que eram considerados como “suplentes” raramente são lembrados.
Vice-campeão mundial de 1950, Alfredo permaneceu nas fileiras do Vasco da Gama até 1956, quando encerrou sua caminhada recebendo da diretoria uma medalha e o título de Sócio Remido do clube.
Pelo Vasco, Alfredo conquistou os títulos cariocas de 1945, 1947, 1949, 1950 e 1952, o Torneio Octogonal Rivadávia Corrêa Meyer em 1953 e o campeonato Sul- Americano de clubes em 1948.
Mesmo longe dos gramados, o ex-jogador costumeiramente acompanhava o seu querido Vasco. Alfredo Ramos dos Santos faleceu no Rio de Janeiro (RJ), em 23 de outubro de 1997.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar, revista Esporte Ilustrado (por Carlos Sampaio, Leunam Leite e Levy Kleiman), revista Grandes Clubes Brasileiros, revista Manchete, revista O Cruzeiro, revista O Globo Sportivo (por Jorge Leal), Jornal do Brasil, Jornal dos Sports, Jornal O Globo, acervo.oglobo.globo.com, campeoesdofutebol.com.br, globoesporte.globo.com, site do Milton Neves (por Marcos Júnior Micheletti), vasco.com.br, albumefigurinhas.no.comunidades.net.