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Al-Hilal Saudi Football Club, campeão brasileiro de 1977, Rubens Francisco Minelli, torneio Roberto Gomes Pedrosa 1969
Em 1958, o paulistano Rubens Minelli deixou de lado toda a segurança oferecida por dois bons empregos e suas respectivas garantias trabalhistas para voltar ao caprichoso mundo do futebol.
Economista em uma empresa de exportação e importação; sua jornada diária era completada como Encarregado de Departamento no funcionalismo público.
Mas afinal, como justificar os encantos do esporte bretão? Seria algo como um organismo parasita, que flagela impiedosamente o coração e a mente de seus hospedeiros?
Culto e dedicado, Rubens Minelli era um estudioso das estratégias do Marechal alemão Erwin Rommel, embora só tenha conseguido implementar uma espécie de “Blitzkrieg” (guerra-relâmpago) no comando do forte e robusto Internacional de Falcão e Figueroa.
O sempre exigente Rubens Francisco Minelli nasceu na cidade de São Paulo (SP), em 12 de dezembro de 1928. Filho de um conceituado executivo industrial, o menino Rubens Minelli iniciou sua trajetória pelos gramados no infantil do Clube Atlético Ypiranga (SP).
Ponteiro-esquerdo, Rubens Minelli passou por várias categorias no Ypiranga, até ser encaminhado ao juvenil do São Paulo Futebol Clube, momento em que foi rapidamente aproveitado no quadro de Aspirantes.
Profissionalizado em 1949, Rubens Minelli ainda voltou ao mesmo Ypiranga, para em seguida aceitar um convite do treinador Caetano de Domênico, que na época comandava o Nacional Atlético Clube (SP).
Depois de uma rápida passagem pelas fileiras do Nacional, o promissor Rubens Minelli defendeu o Esporte Clube Taubaté (SP) e conquistou seu único título como jogador profissional; o campeonato paulista da Segunda Divisão em 1954.
Estudante de Economia, o rapazola sofria diariamente com a distância entre São Paulo e Taubaté. Mal dormia no ônibus e vivia de sanduíches e outras quirelas!
Contudo, um oportuno convite do Esporte Clube São Bento de Sorocaba o fez adiar os planos de abandonar o futebol, fato que aconteceu pouco depois em razão de uma fratura!
Diante da fatalidade, Rubens Minelli deixou definitivamente os gramados para continuar os estudos universitários, além das atividades como funcionário dos Correios e Telégrafos.
Algum tempo depois, o ex-jogador “Canhotinho” o convidou para trabalhar na Sociedade Esportiva Palmeiras. No alviverde, Rubens Minelli ganhou destaque rapidamente pelo grande trabalho nas divisões amadoras do clube.
No findar de 1962, o presidente do América de São José do Rio Preto conseguiu seduzir o ocupado Rubens Minelli com uma proposta para dirigir o time principal, além da promessa de uma transferência para uma regional dos Correios.
Pelo América, o jovem treinador trabalhou duro e faturou o campeonato paulista da Segunda Divisão em 1963. Em 1966 passou rapidamente pelo Botafogo de Ribeirão Preto, para em seguida voltar novamente ao América!
Em 1967 treinou o Sport Club do Recife (PE) e na temporada seguinte regressou ao cenário paulista para orientar a Francana e depois o Guarani de Campinas.
Em julho de 1969, Rubens Minelli assinou novamente com o Palmeiras. Mais experiente, seu trabalho ganhou notoriedade pelo aproveitamento de jovens talentos do interior paulista; como o lateral Eurico, o goleiro Leão e o zagueiro Luís Pereira.
Pelo alviverde, Rubens Minelli conquistou o Torneio Roberto Gomes Pedrosa e o Torneio Ramón de Carranza, ambos em 1969.
Deixou o Parque Antártica em 1971 para trabalhar na Ponte Preta, Portuguesa de Desportos e depois no Rio Preto. Em seguida firmou compromisso com o Sport Club Internacional (RS), um período determinante em sua afirmação no cenário nacional.
Com uma discutida e não comprovada preferência por jogadores de boa estatura e bom condicionamento físico, Rubens Minelli montou uma das melhores equipes da história do Internacional.
Foi no time do Beira Rio que Rubens Minelli aprimorou sua grande capacidade de lidar com jogadores de temperamento complicado; especialmente nos casos do goleiro Manga e do ponteiro-esquerdo Lula.
Além dos títulos gaúchos de 1974, 1975 e 1976, Rubens Minelli faturou também o bicampeonato brasileiro de 1975 e 1976, conquistas que não foram suficientes para seu nome ser lembrado no comando da Seleção Brasileira.
Na ocasião, o gaúcho Oswaldo Brandão foi substituído pelo acadêmico Cláudio Coutinho, enquanto Rubens Minelli lamentou o ocorrido nas páginas da revista Placar:
– Fui injustiçado. Meu nome era uma unanimidade nacional e no entanto eu não fui o escolhido. Apesar de inteligente e estrategista, o Cláudio Coutinho não tem experiência!
Em 1977, Rubens Minelli deixou o Sul ao firmar compromisso com o São Paulo Futebol Clube. Confiante, o renomado treinador logo percebeu que reforços não faziam parte da realidade financeira do clube.
Mesmo assim, Rubens Minelli soube como tirar proveito do elenco que tinha em mãos. Montou um São Paulo competitivo e faturou o campeonato brasileiro de 1977.
Encerrou seu vínculo profissional com o tricolor do Morumbi em 1979, quando partiu para sua primeira experiência internacional. Comandou o Al-Hilal da Arábia Saudita, antes de aparecer novamente no Palmeiras em 1982.
Passou brevemente pelo Atlético Mineiro em 1984 e na temporada seguinte foi campeão gaúcho com o Grêmio. Treinou depois o Corinthians e mais uma vez o Palmeiras no findar da década de 1980. Pelo Paraná Clube viveu bons momentos e conquistou o título paranaense nas edições de 1994 e 1997.
Trabalhou ainda no Coritiba (PR), Pinheiros (PR), Ferroviária de Araraquara (SP), Rio Branco de Americana (SP), Santos (SP) e XV Piracicaba (SP), além do cargo de Superintendente de Futebol no Avaí (SC).
Aposentado e com uma situação financeira confortável, nos últimos anos Rubens Minelli raramente aparecia pessoalmente nas mídias esportivas, embora seu nome sempre fosse lembrado pelas conquistas no campeonato brasileiro.
Rubens Francisco Minelli faleceu na capital paulista, em 23 de novembro de 2023. O ex-treinador contava com 94 anos de idade e estava internado para o tratamento de uma infecção urinária.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Armênio Abascal, Divino Fonseca, JB Scalco, João Areosa, Maurício Cardoso, Narciso James, Nélson Urt, Ricardo Chaves, Ronaldo Kotscho, Sérgio Berezovsky e Ubiratan Brasil), revista Grandes Clubes Brasileiros, revista Manchete, revista Manchete Esportiva, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal Zero Hora, campeoesdofutebol.com.br, clicrbs.com.br, globoesporte.globo.com, gazetaesportiva.com, ftt-futeboldetodosostempos.blogspot.com.br (por Maurício Sabará Markiewicz), internacional.com.br, palmeiras.com.br, site do Milton Neves (por Rogério Micheletti).