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Campeão carioca de 1960, Djalma Dias do Palmeiras, Djalma Pereira Dias Júnior, Eliminatórias da Copa do Mundo em 1969
Djalma Dias não foi o único e nem será o último dos injustiçados na história da Seleção Brasileira.
O zagueiro viveu em um período servido de craques aos montes para qualquer posição. Talvez isso fosse o bastante para tentar justificar sua ausência em uma Copa do Mundo.
Mas essa reflexão é mais ampla e deve considerar também os chamados movimentos políticos e tendenciosos, algo comum nos bastidores quando era preciso decidir quem deveria ou não vestir o manto canarinho em uma Copa do Mundo.
Djalma Pereira Dias Júnior nasceu no dia 21 de agosto de 1939 na capital carioca, no bairro de Cidade Nova.
Na segunda metade dos anos cinquenta Djalma jogava no time amador do Ezequiel Esporte Clube até ser encaminhado ao América, clube onde assinou seu primeiro contrato como profissional.
No ano seguinte, Djalma Dias integrou o elenco americano no último título carioca de sua história. Abaixo, os dados do confronto que decidiu o certame carioca de 1960:
18 de dezembro de 1960 – Campeonato carioca – América 2×1 Fluminense – Estádio do Maracanã – Árbitro: Wilson Lopes de Souza – Gols: Pinheiro aos 26′ do primeiro tempo; Nilo aos 49′ e Jorge aos 78′ do segundo tempo.
América: Ari; Jorge, Djalma Dias, Wilson Santos e Ivan; Amaro e João Carlos; Calazans, Antoninho (Fontoura), Quarentinha e Nilo. Técnico: Jorge Vieira. Fluminense: Castilho; Marinho, Pinheiro, Clóvis e Altair; Edmílson e Paulinho (Jair Francisco); Maurinho, Waldo, Telê e Escurinho. Técnico: Zezé Moreira.
Considerado a maior revelação do futebol carioca em 1960, Djalma Dias era o grande destaque nos jornais e nas revistas esportivas da época.
Zagueiro de alta capacidade técnica, Djalma Dias não precisava usar de carrinhos ou jogadas mais grosseiras para roubar a bola de seus adversários. Subtraia o couro como se fosse um punguista, com uma sutileza bem peculiar ao tradicional malandro carioca.
Djalma permaneceu nas fileiras do América até o final de 1962, quando seu passe foi negociado por 40.000 cruzeiros com a Sociedade Esportiva Palmeiras.
Enquanto jogou pelo time esmeraldino, Djalma Dias participou de grandes conquistas. Foram dois campeonatos paulistas em 1963 e 1966, o Torneio Rio-São Paulo de 1965, o Torneio Robertão e a Taça Brasil, ambos em 1967.
Djalma Dias também participou da vitória por 3×0 contra o Uruguai na inauguração do Estádio do Mineirão em 1965, quando o Brasil foi representado pelos jogadores do Palmeiras e dirigido pelo lendário técnico Filpo Nuñez.
O zagueiro esteve presente em algumas convocações da Seleção Brasileira, porém não foi relacionado no grupo que disputou a Copa do Mundo de 1966.
Em 1967 o zagueiro enfrentou dissabores em sua renovação contratual. O impasse aconteceu quando os cartolas do alviverde julgaram os valores pretendidos pelo jogador como algo fora da realidade financeira do clube.
Começou assim o longo processo de separação de um casamento que parecia perfeito entre Djalma Dias e o Palmeiras.
Djalma foi parar na “geladeira” e ficou impedido de atuar por mais de dez meses. Vencedor na primeira instância do julgamento, o processo se arrastou até o aparecimento do Clube Atlético Mineiro na parada.
Pelo Palmeiras, Djalma atuou em 239 compromissos, obtendo 150 vitórias, 44 empates, 45 derrotas e 2 gols marcados. Os números foram publicados pelo Almanaque do Palmeiras, dos autores Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti.
Contratado pelo “Galo” em 1968, Djalma fez uma série de exigências. O pacote contava com hospedagem no melhor hotel de Belo Horizonte, empregada e até um motorista particular.
Desnecessário dizer que tais exigências ocasionaram um tremendo mal estar, tanto na comissão técnica como no grupo de jogadores do Atlético.
Conforme publicado pela revista Placar em 10 de dezembro de 1971, matéria assinada pelo jornalista Teixeira Heizer, Djalma Dias declarou que considerava justo os valores e condições apresentados ao clube mineiro:
– Sou apenas um profissional. Depois dos trinta anos a vida de qualquer jogador se torna mais difícil. É natural uma busca pela segurança e pelo conforto.
Em 1969 acertou sua transferência para o Santos Futebol Clube. Campeão paulista, Djalma Dias estava em grande fase e novamente foi convocado para servir o escrete.
Titular de João Saldanha nas eliminatórias de 1970, Djalma Dias não se manteve no grupo que embarcou para o México.
Diante da prolongada suspensão disciplinar do zagueiro Brito, Djalma Dias voltou ao Rio de Janeiro por empréstimo para defender o Botafogo de Futebol e Regatas, onde permaneceu até 1974. Encerrou sua carreira em 1975 no Operário (MT).
Fora do futebol profissional, Djalma Dias manteve sua forma jogando pela equipe de estrelas do Milionários. Posteriormente fez parte da Seleção Brasileira de Masters, comandada pelo saudoso jornalista Luciano do Valle.
Djalma Dias faleceu vitimado por um AVC (acidente vascular cerebral) no dia 1 de maio de 1990, no Rio de Janeiro (RJ).
O filho Djalminha, também foi um jogador de grande talento. Atuou pelo Flamengo, Guarani e Palmeiras, além de significativas passagens pelo futebol espanhol e mexicano.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Betise Assumpção, Dagomir Marquezi, Fernando Pimentel, Levi Mendes Júnior e Teixeira Heizer), revista A Gazeta Esportiva Ilustrada (por Isaac Cherman e Osmundo Salles), revista do Esporte, revista O Cruzeiro, Jornal do Brasil, Jornal dos Sports, campeoesdofutebol.com.br, gazetaesportiva.net, globoesporte.globo.com, museudosesportes.blogspot.com, palmeiras.com.br, reliquiasdofutebol.blogspot.com, site do Milton Neves, Almanaque do Palmeiras – Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti, albumefigurinhas.no.comunidades.net.
Mauro Marcello Filho disse:
Djalma Dias chegou ao Botafogo já veterano. Lembro-me que era um bom zagueiro, precedido de muita fama, mas que em razão da idade já não apresentava mais o futebol que o consagrara. Não deixou saudades na torcida alvinegra.
Carlos Alberto Gomes Júnior disse:
No Botafogo já havia acontecido isso nos anos 50, com os excelentes Danilo Alvim e Bauer, e em 71 com o “capita” Carlos Alberto Torres, todos já em fins de carreiras
Mauro Marcello Filho disse:
Carlos Alberto Gomes Júnior, seu comentário é verdadeiro quanto a Danilo Alvim e Bauer. Quanto ao Capita, discordo, vez que em1971 ele tinha apenas 27 anos, ainda longe de ser considerado um veterano. Tanto é, que ainda foi campeão carioca jogando muito bem pelo Fluminense em 1976.
mario disse:
exigindo hospedagem no melhor hotel, empregada… aí resulta o fato de nao quererem na copa. parece ser jogador complicado, igual o filho que tb perdeu a vaga com felipao apos aquela cabeçada selvagem no tecnico
esse tipo de jogador pode prejudicar um grupo.