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07/08/1968 – Brasil 4x1 Argentina, Admildo Chirol, bicampeonato carioca 1967/1968, Ismael Moreira Braga
Em artigo assinado por Tarlis Batista, com fotos de Osmundo Salles, o promissor Moreira foi o personagem da semana na Revista do Esporte número 456, edição de 2 de dezembro de 1967.
“Acabou-se o tempo em que somente os grandes craques tinham vez. Agora, felizmente, os jogadores mais jovens podem sonhar com um lugar como titular no Botafogo!
Com chuva ou sol, Zagallo, Admildo Chirol e Neca vem trabalhando forte na implantação de uma nova mentalidade do clube, que atualmente não conta com sobras de dinheiro em caixa.
Que o diga o jovem lateral-direito Moreira, que graças ao empenho particular do Dr. Admildo Chirol teve seu nome removido da lista de dispensa que aterrorizou o ambiente em General Severiano”.
Nascido no Rio de Janeiro (RJ) em 18 de maio de 1945, Ismael Moreira Braga começou sua trajetória esportiva nos quadros amadores do Bonsucesso Futebol Clube, onde rapidamente ganhou destaque.


Transferido para o Botafogo de Futebol e Regatas no início de 1965, Moreira não alimentava esperanças imediatas de conseguir um lugar na equipe. No corredor direito o titular era Joel Martins da Fonseca e pelo lado esquerdo Rildo era absoluto.
Aos poucos recebeu oportunidades entre os titulares e participou da conquista do Torneio Início de 1967, do bicampeonato carioca 1967/1968, da Taça Guanabara 1967/1968, da Taça Brasil de 1968, além da conquista de torneios nacionais e internacionais.
Também na temporada de 1968, o sempre aplicado Moreira participou do forte “Combinado Carioca” que representou o Brasil diante da Argentina no dia 7 de agosto, no Maracanã.
Orientados pelo técnico Mário Jorge Lobo Zagallo, o Combinado Carioca, que também ficou conhecido como “Selefogo”, não tomou conhecimento dos argentinos e venceu pelo placar de 4×1.
Moreira permaneceu no Botafogo até 1971, quando uma discutida negociação trouxe Carlos Alberto Torres para General Severiano, enquanto o próprio Moreira, Ferretti e Rogério Hetmanek foram defender o Santos.


Todavia, o período no “badalado” esquadrão da Vila Belmiro não foi nada bom. Moreira, Ferretti e Rogério Hetmanek não renderam o esperado e caíram em desgraça com os torcedores praianos.
Em reportagem assinada por Michel Laurence (Revista Placar número 67 – 25 de junho de 1971), Moreira, Ferretti e Rogério Hetmanek foram acusados pela torcida de fazer corpo mole e ficaram conhecidos como “Os Três Bandidos”.
No regresso ao Rio de Janeiro, Moreira firmou compromisso com o Clube de Regatas do Flamengo em 1972. (*) Algumas fontes apontam uma rápida passagem pelo Esporte Clube Bahia em 1971, antes de voltar ao cenário carioca.
E novamente, Moreira fez parte de uma reportagem reveladora assinada pelo repórter Fausto Neto (Revista Placar número 136 – 20 de outubro de 1972). Na ocasião, Moreira, Chiquinho e Humberto falaram sobre os motivos da quebra de vínculo com o Botafogo.
O lateral Moreira lembrou que, ao lado de Chiquinho e Humberto, todos foram dispensados do elenco do Botafogo como indisciplinados e desagregadores de grupo.


Entretanto, o assunto da dispensa dos três jogadores foi uma espécie de “pano de fundo”, algo para tentar justificar uma política desastrosa de Xisto Toniato no comando da Diretoria de Futebol.
De acordo com o depoimento dos referidos jogadores na Revista Placar, Xisto Toniato queria ficar bem com os “cobrões” do time, mesmo que tivesse que promover tratamentos diferenciados. (*) Xisto Toniato não foi ouvido na reportagem.
Pelo Flamengo, Moreira inicialmente brigou pela posição com Aloísio, mas o resultado, bem como seu desempenho foi compensador. Foi campeão carioca de 1972 e campeão da Taça Guanabara de 1973.
Na sequência de sua caminhada, Moreira defendeu o Olaria Atlético Clube (RJ) na disputa do Campeonato Brasileiro de 1974. Depois jogou no futebol norte-americano entre 1976 e 1977, onde reside até hoje.
Pelo escrete canarinho, Moreira realizou três partidas: 19/09/1967 – Brasil 1×0 Chile; 07/08/1968 – Brasil 4×1 Argentina; 06/11/1968 – Brasil 2×1 Selecionado da FIFA). Os registros foram publicados pela revista Placar – Edição 80 anos da Seleção Brasileira – Maio de 1994.


Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Fausto Neto, Fernando Pimentel, Hélio Teixeira, Michel Laurence e Zeka Araújo), revista do Esporte (por Osmundo Salles e Tarlis Batista), revista Grandes Clubes Brasileiros, Jornal dos Sports, acervosantosfc.com (por Gabriel Santana e Kadw Gomes), botafogo.com.br, campeoesdofutebol.com.br, movimentocarlitorocha.com.br, site do Milton Neves, albumefigurinhas.no.comunidades.net.
Obrigado, Revelles, por publicar mais um dos 11 jogadores do time que conquistou o bicampeonato de 1967/1968, que mais marcou os botafoguenses de minha geração. Acompanhei este time quando criança, indo a todos os jogos com meu pai.
Moreira era um lateral com boa técnica e boa marcação, não era uma estrela mas dava conta do recado direitinho. Era aguerrido e agradava a torcida.